25 de set. de 2018

Resenha: Por Lugares Incríveis, Jennifer Niven


Editora: Seguinte
Número de páginas: 336
Data de lançamento: Janeiro de 2015

Classificação: 

Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, Violet se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família.
Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los.

          Fiz bem em escolher ler "Por Lugares Incríveis" antes de ler a sua sinopse. Se eu tivesse lido, provavelmente teria pensado que seria mais um romance adolescente, onde uma garota branca e com a vida perfeita iria se apaixonar por um bad boy problemático. Ou talvez mais um romance adolescente que abordasse o suicídio de maneira superficial ou até errônea.

          Mas acontece que o livro já começa de uma forma inesperada. Finch, um dos protagonistas, está no topo da torre da escola, em mais uma de suas ideações suicidas. Ele não é somente um garoto problemático: é portador do transtorno bipolar, no qual a pessoa oscila entre momentos de profunda tristeza com de muito bom humor, e até mesmo de excitação exacerbada. Tais sintomas o fazem ser mal visto na escola, por não conseguir conter seus impulsos, viver se metendo em problemas e passar muitos dias sumidos, na época de suas crises depressivas. Não tem muitos amigos, por ser considerado uma aberração, e passa grande parte do seu tempo pesquisando sobre suicídios ao redor do mundo, escrevendo músicas e lendo em seu quarto desarrumado. Mesmo sendo desajustado, é um rapaz atraente e que leva jeito com as garotas, articulado e muito inteligente.

          Voltando ao assunto do início do livro: Finch está no alto da torre, como já fez antes, mas dessa vez tem uma companhia inesperada: Violet Markey, uma garota popular de beleza extraordinária. A garota perdeu recentemente a irmã para um acidente de carro, no qual estava junto. A irmã mais velha era sua melhor amiga e maior confidente, e a perda causou lhe causou enorme desequilíbrio emocional. Em um momento de extrema tristeza, ela sobe a torre do sino para ver a sensação de como é estar a beira da morte. E ela experimenta a sensação, quando se sente desesperada e não consegue sair do local sozinha, tendo que contar com a ajuda da única pessoa presente: Finch.

“Aprendi que existem coisas boas no mundo se você procurar por elas. Aprendi que nem todo mundo é uma decepção, incluindo eu mesmo.”
          

          Finch se encanta pela moça, assim como se preocupa com a sua aparente tentativa de suicídio. Para se manter por perto e conhece-la melhor, se oferece para ser sua dupla num projeto de geografia, no qual eles precisam visitar diferentes pontos turísticos do estado de Indiana. Ela reluta no início, por conta da reputação do garoto, mas aos poucos vai cedendo ao seu jeito descontraído e interessante, adquirindo novamente a vontade de viver.

          Admito que achei a personagem de Violet rasa e sem personalidade, tornando Finch o grande personagem dessa obra tão delicada. Os capítulos narrados por ele são infinitamente mais profundos, interessantes e engraçados, e o romance entre os dois cresce de forma natural, sem enrolação e ao mesmo tempo nem um pouco repentino. A história num todo é muito realista e pé no chão, desde as andanças que eles fazem até os simples momentos de troca de mensagens por Facebook.

“Ela é oxigênio, carbono, nitrogênio, cálcio e fósforo. Os mesmos elementos que estão dentro de todos nós, mas não consigo parar de pensar que ela é mais que isso e que tem outros elementos dos quais ninguém nunca ouviu falar, que a tornam diferente de todas as outras pessoas.”

          No começo fiquei extremamente decepcionada com o final, e como as coisas se encaminharam. Passei grande parte do tempo após terminar o livro pensando nos personagens e em tudo o que aconteceu, e depois acabei achando o final pertinente e importante. Talvez em outra oportunidade possamos discuti-lo, pois em ao que tudo indica, uma adaptação está sendo feita, e em pouco tempo muito mais pessoas conhecerão e estarão discutindo essa história. Ainda bem, pois é um tema que precisa ser abordado e comentado, principalmente entre os jovens que têm medo de pedir ajuda profissional e sentem que estão sozinhos. O livro mostra que não estão.

          Mais um livro juvenil que aborda transtornos emocionais com selo de aprovação de uma estudante de psicologia. Obrigada, Niven!

“Você é todas as cores em uma, em pleno brilho.”

Por: Mariane

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Link-nos!

 - Dicas para blogs